
Primeira infância
Na sociedade atual passamos por um conjunto de crises sem perspectivas próximas de superação da crise do trabalho, crise da família, crise da escola, crise do Estado... e de suas instituições.Isso acaba interferindo no desenvolvimento e crescimento na primeira infância.
A criança ao nascer e nos seus primeiros anos de vida é totalmente dependente dos outros membros da espécie. A impotência da criança ao nascer para lidar com o ambiente físico para garantir sua sobrevivência é recompensada com uma “força compensadora”, que é a sua capacidade social. A criança nasce com mais tendências instintivas do que os outros animais, mas os filhotes destes aperfeiçoam seus instintos com mais rapidez e eficiência para se adaptar ao ambiente. Suas aptidões físicas compensam sua falta de aptidão social.
“O mecanismo vital e inato da criança e seus impulsos, tudo contribui para facilitar a correspondência de natureza social.” (Dewey, 1979, p. 46) O desenvolvimento da criança intensifica seu interesse e atenção pelos atos das outras pessoas. Sua natureza social amplia-se infinitamente com a aquisição da linguagem e participação nas atividades conjuntas.
A criança pode ser compreendida com suas próprias capacidades e demandas específicas de crescimento. A imaturidade traz em si uma possibilidade construtiva com dois traços: a interdependência que garante a sobrevivência e a aptidão de aprender com a experiência, o poder de extrair e reter dos fatos alguma coisa aproveitável para solver as dificuldades de uma situação. Aprender um ato traz a possibilidade de contínuo progresso.
No caso da criança, o uso inteligência está presente em todas as atividades como o brincar, o jogar etc., já que todas elas são conduzidas por significados. Neste sentido, mesmo o caso da imitação, não deve ser entendida como mera reprodução da ação do adulto, mas um complexo processo de pensamento que implica a seleção de significados e o esforço voluntário para expressão num contexto de relações sociais. Estes conceitos guardam estreita relação com continuidade da vida. Daí conclui Dewey: “Vida é desenvolvimento e o desenvolver-se, o crescer, é vida.”
A escola é uma forma de comunidade e as atividades sociais devem ter pleno espaço. Por isso, a escola deve oportunizar atividades como jogos, brincadeiras, representações teatrais, atividades de cozinhar, costurar, jardinagem, atividades que envolvem a criação e expressão pela diferentes mídias e linguagens. Aprender é fazer algo e não apenas ouvir ou reproduzir mecanicamente. Aprender a fazer uma atividade num ambiente social significa reconstruir mental e fisicamente aquelas experiências mais significativas para a humanidade no contexto de vida do grupo.
Piaget mostra que em todo o comportamento inteligente ocorre um estado de equilibração entre um processo em que acomodação à realidade vai de encontro a processos de assimilações que, por sua vez podem organizar e dirigir as acomodações.
Assimilação: O organismo, para poder incorporar ao seu sistema os valores alimentares das substâncias que absorve, deve transformá-las, como por exemplo, um alimento duro e com uma forma clara no começo ao ser inserido, será transformado em macio e amorfo. Ao ocorrer o processo de digestão, a substância perderá sua identidade original até converter-se em parte da estrutura do organismo.
Acomodação: O organismo, ao mesmo tempo em que transforma as substâncias alimentícias, para poder incorporá-las, transforma também ele mesmo. Assim, a boca (ou órgão correspondente conforme a espécie) deverá abrir-se, o objeto deverá ser mastigado e os processos digestivos devem adaptar-se as propriedades químicas e físicas particulares do objeto. Acomodação é o movimento do processo de adaptação pelo qual o organismo altera-se, de acordo com as características do objeto a ser ingerido.
referencias
• SMITH & STRICK. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z . São Paulo: Artes Médicas, 2001.
• DEWEY, John. Democracia e educação. Tradução: Godofredo Rangel e Anísio Teixeira. São Paulo: Nacional, 1979. Atualidades pedagógicas; vol. 21.
• PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 1999.
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